A música sertaneja vai conseguir espaço no exterior?
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A música sertaneja vai conseguir espaço no exterior?
A música sertaneja vai conseguir espaço no exterior?

Com a repercussão de “Ai, Se Eu Te Pego” na Europa, é inevitável a pergunta: “será que o Michel pode abrir portas pra outros artistas sertanejos ou vai ser só uma febre momentânea?”.

Anos atrás, sem dúvida a segunda opção poderia ser escolhida com quase toda a certeza do mundo. Na atual situação, o desenrolar da história pode ser um pouco diferente.

Com a aceitação de Michel na Europa, o mercado sertanejo despertou a curiosidade de gravadoras, que estão sondando duplas desde o final do ano passado. O intuito é o de entender de onde saiu esse tal Michel Teló, e descobrir se há outro como ele.

Nos próximos dias, será anunciado o ponta pé inicial da carreira internacional de Gusttavo Lima. O cantor, que se apresentou nos EUA no último final de semana, teve reuniões por lá para decidir esse novo e grande passo.

Haverá equipe cuidando dele lá fora, parceria com um grande nome da música internacional, e uma grande apresentação sendo acertada nos Estados Unidos.

A aposta de que pode haver espaço para o sertanejo lá fora parte do seguinte pensamento: não se ouve música sertaneja no exterior pelo fato de que não se toca música sertaneja no exterior.

O raciocínio pode ser ingênuo, mas há uma bom argumento: mais do que nunca, o meio sertanejo tem dinheiro, e dinheiro suficiente pra enfrentar alguns mercados internacionais.

O argumento contrário mais usado é a língua portuguesa, que seria um empecilho invencível, só que há exemplos que o derrubam. O cantor colombiano Juanes, um dos maiores nomes latinos da última década, fez turnês européias lotadas. O grupo mexicano Maná, idem. A lista não é muito pequena, não.

Pessoalmente, assisti a um show do Juanes em 2006, em Berlim, com a maior parte do público sendo de alemães. Não entendiam nada do que ele cantava, claro, mas estavam lá dançando “La Camisa Negra”, que foi uma das músicas mais tocadas por lá durante o período de Copa do Mundo.

A questão do ritmo também é importante. A dança de “Ai, Se Eu Te Pego” traduz a música, e Michel até ensaiou no “Esporte Espetacular” uma coreografia para “Humilde Residência”.

O Brasil é um dos países da moda, a economia faz inveja a europeus, e a concorrência na música sertaneja, muitas vezes tão negativa, faz com que os artistas e empresários queiram cada vez mais.

Faz dois anos que viajo e entrevisto pessoas que trabalham com mercados locais, seja na Europa ou nos Estados Unidos. Todos, sem exceção, consideram difícil a entrada da música por lá, mas concordam que a falta de ousadia financeira era um dos pontos fundamentais para que as coisas não saíssem daqui do Brasil.

É difícil injetar dinheiro em um mercado que não se domina, mas com a ajuda de profissionais de lá, interessados na “novidade”, o caminho pode ficar mais claro.

Em fevereiro, Paula Fernandes participa do DVD de Juanes, em Miami, que vai ser mais importante do que a parceria que a cantora fez com a americana Taylor Swift.

Já tivemos Milionário e José Rico na China, os consagrados dos anos 1990 cantando espanhol, e até mesmo Victor e Leo recentemente investindo em um álbum destinado ao mercado latino.

Em nenhum momento até agora, no entanto, o ambiente foi tão propício. Cristiano Ronaldo dançando Michel era o empurrão que sempre faltou.

Não sou entusiasmado nem otimista ao extremo, mas acredito que um trabalho bem feito, semelhante ao que tornou o sertanejo na música mais rentável do Brasil, possa trazer bons resultados a longo prazo.